Estava prestes a bater seu recorde pessoal de velocidade quando um
pequeno alarme interno o fez diminuir a passada. Como um
sentido-aranha ou aquela campainha aguda do celular, que quando toca
pela manhã quase o faz jogar o aparelho na parede, ele soube, só
que de forma mais intimista e até sutil.
E, infelizmente, não estava enganado.
Lá vinha o rapaz novamente, todo alegre e sorridente, numa
serelepimpância invejável. O pobre iludido vinha balançando os
ombros em um remelexo corporal desengonçado, com seu olhar
confiante, absoluto de si mas, coitado, sem fazer nem ideia da
repulsa que sua presença causava no outro. O até então quase
recordista desacelerou quase por completo a esteira ao notar pelo
canto dos olhos que o infeliz sorridente bobo alegre indesejado
estava olhando diretamente pra ele, vindo em sua direção.
“Brace yourselves...”
repetiu mentalmente a célebre frase do seriado, substituindo a
sequência da sentença
para “o cheiroso está chegando”.