O gélido ar da madrugada fazia com que sua
respiração saísse por vezes em vapores em condensação, o que lhe causava a
impressão de estar expelindo fumaça pela boca. Consequentemente, se lembrou de
figuras como dragões em contos épicos, de um certo personagem de game de luta e
daquele outro sujeito da animação que cuspia gelo. Ou fabricava com as mãos,
tanto faz. Estava divagando. Aquela cidade, em certos períodos (ou até em
momentos isolados), era capaz de provocar mudanças de sensação climática
bruscas. Andrico Fassolini jurava que, no dia anterior, fez calor. De qualquer
forma, aquilo não importava mais, já que às quatro e meia da manhã em um centro
urbano de costumes e percepções exóticas, qualquer situação poderia se
materializar. Surpreso ele não ficava mais há um tempo.
Aguardava sozinho há cerca de vinte minutos
quando, finalmente, o par de faróis de um veículo conhecido surgiu ao longe.
Enquanto o Peugeot de seu amigo se
aproximava, cuspindo mais fumaça pelo escapamento do que Andrico neste tempo
todo de espera, um detalhe no banco do carona chamou a atenção do observador
que aguardava. Na realidade, não se tratava de uma questão da presença de
alguém, pois o motorista estava sozinho.
– Cadê o Hobbit, cara? – perguntou Fassolini
assim que o recém-chegado puxou o freio de mão.
– Ué! Achei que ele estaria com você.