quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Caixas com paraquedas – uma história de Sporcizia Legali

O gélido ar da madrugada fazia com que sua respiração saísse por vezes em vapores em condensação, o que lhe causava a impressão de estar expelindo fumaça pela boca. Consequentemente, se lembrou de figuras como dragões em contos épicos, de um certo personagem de game de luta e daquele outro sujeito da animação que cuspia gelo. Ou fabricava com as mãos, tanto faz. Estava divagando. Aquela cidade, em certos períodos (ou até em momentos isolados), era capaz de provocar mudanças de sensação climática bruscas. Andrico Fassolini jurava que, no dia anterior, fez calor. De qualquer forma, aquilo não importava mais, já que às quatro e meia da manhã em um centro urbano de costumes e percepções exóticas, qualquer situação poderia se materializar. Surpreso ele não ficava mais há um tempo.
Aguardava sozinho há cerca de vinte minutos quando, finalmente, o par de faróis de um veículo conhecido surgiu ao longe.
Enquanto o Peugeot de seu amigo se aproximava, cuspindo mais fumaça pelo escapamento do que Andrico neste tempo todo de espera, um detalhe no banco do carona chamou a atenção do observador que aguardava. Na realidade, não se tratava de uma questão da presença de alguém, pois o motorista estava sozinho.
– Cadê o Hobbit, cara? – perguntou Fassolini assim que o recém-chegado puxou o freio de mão.
– Ué! Achei que ele estaria com você.