– Já te disse pra esquecer
iss...
– CALA ESSA BOCA!! Me faz um
favor, faz um favor pro mundo, seu bosta: cale essa maldita boca!
– Escuta aqui, sua... – ele ia
xingar, mas pensou melhor. Porém, antes de conseguir articular sua revigorada
linha argumentativa, ela continuou:
– Ah é?! Agora você vai ficar
falando merda de mim, seu filho da put...
– Charlote. Para. Por favor. Me
deixa falar.
– Tudo, absolutamente tudo que
você fala pra mim não passa da mais pura e fedorenta merda.
– Não é bem assim... calma...
– Só vou ter calma quando você
parar de me encher o saco de vez, seu desgraçado.
– Você está com a cabeça
quente.
– EU TÔ COM A CABEÇA QUENTE?
– Vo...
– ESCUTA AQUI, SEU MERDA. NUNCA
MAIS...
Silêncio.
Do outro lado da linha, tudo o
que ele pôde ouvir foi o mais profundo e irremediável silêncio. Chegava a ser
constrangedor ante a ferrenha discussão que já durava cerca de uma hora e meia.
Ela costumava ter estes ataques. Ele lidava melhor com aquilo quando tinha em
mãos algo para molhar o bico. Não era o caso. E ela estava desta vez levando as
coisas para um nível que até o próprio Leonardo não conseguia prever e muito
menos podia saber como lidar. Se ao menos tivesse algo para beber...