quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Cotidiano do sonho esquecido

Acordou chutando o lençol, testa suada, olhando ao redor com cautela em manifesto momento de inquietação, com perfeita ciência de que a desorientação tomara posse de suas faculdades mentais. Não emitiu som algum pela boca.
Praguejando baixinho ao se apoiar na borda da cama para acomodar de maneira mais completa sua traseira, foi capaz de ver passar um breve filme em sua mente acerca daquele momento, quase como um daqueles déjà vu. Quando moleque, era também arremessado de forma violenta para fora de um sonho qualquer, caindo diretamente nas garras daquela vadia da realidade. Porém, nestes outros tempos se tratavam somente daqueles sonhos idiotas onde se tinha a infeliz da sensação de estar caindo de um edifício de infinitos andares. Ultimamente, desconhecia o motivo, mas estava familiarizado com o resultado.
Foi propositalmente incapaz de notar a desordem absoluta do quarto ao se encaminhar ao banheiro. Seus pés não encontraram nenhuma das garrafas vazias esquecidas no chão e, por isso, ele se manteve ativamente satisfeito neste jogo de auto-ilusão.