Acordou chutando o lençol, testa suada, olhando
ao redor com cautela em manifesto momento de inquietação, com perfeita ciência
de que a desorientação tomara posse de suas faculdades mentais. Não emitiu som
algum pela boca.
Praguejando baixinho ao se apoiar na borda da
cama para acomodar de maneira mais completa sua traseira, foi capaz de ver
passar um breve filme em sua mente acerca daquele momento, quase como um
daqueles déjà vu. Quando moleque, era
também arremessado de forma violenta para fora de um sonho qualquer, caindo
diretamente nas garras daquela vadia da realidade. Porém, nestes outros tempos
se tratavam somente daqueles sonhos idiotas onde se tinha a infeliz da sensação
de estar caindo de um edifício de infinitos andares. Ultimamente, desconhecia o
motivo, mas estava familiarizado com o resultado.
Foi propositalmente incapaz de notar a desordem
absoluta do quarto ao se encaminhar ao banheiro. Seus pés não encontraram
nenhuma das garrafas vazias esquecidas no chão e, por isso, ele se manteve
ativamente satisfeito neste jogo de auto-ilusão.