quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Aquela experiência traumática que ele tentou evitar

Poço.
E ele sentia crescer dentro de si aquela apreensão imensa e esmagadora, que na verdade se tratava de um profundo e escuro
poço
consumindo-o, abrindo uma ferida que esperança ou misericórdia alguma poderiam suprimir, uma ferida tão grande que sua presença, afinal, não passava de uma verdadeira ausência de algo que outrora estivera ali e parecia-lhe ser algo de extrema importância, mas que agora...
Um espasmo nervoso.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Poema de um mundo inacabado

Oh, ai de mim, que imagino
Um mundo onde a vilania
Não é corriqueira
E a esperança de bondade
Não seja utopia;
Oh, ai de mim por ver,
Ver em mim
Traços daquilo que repreendo,
Momentos de frágil hipocrisia,
Onde sou nada menos
Do que aquilo que se é
O ser humano;
Oh, ai de mim,
Ai de mim por ver,
Por sentir, ai de mim
Por estar vivenciando,
Vivenciar, perceber,
Oh, ai de mim por fazer parte,
Parte de tudo que vejo,
Ai de mim, ser humano,
Que nada mais fiz do que
Continuar contribuindo
Para a preguiçosa e
Egoísta,
Corriqueira vilania.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O porco de argila

Eu tinha um porco de argila. Ainda tenho, na verdade. Devo tê-lo já há mais de cinco anos e venho o enchendo desde então.
Nele só entram moedas de 1 real. Essa é a condição primordial que eu estabeleci para o preenchimento do interior deste porquinho. Acredito que tal encargo seja o motivo principal pelo qual a pequena figura suína com um corte nas costas ainda exista. Afinal, não é algo lá muito comum eu chegar em casa com uma moeda de 1 real.