domingo, 22 de março de 2015

O vale das sombras

Caía.
Embaixo de si, nada além das fortes rajadas de vento que vinham de encontro com seu corpo paralisado que, sob a influência irresistível da gravidade
você
não
devia
...
caía.
Olhava à volta. Nada além de escuridão, no que parecia ser uma parede cavernal úmida e perigosa. A agonia crescia em seu peito, pois a queda parecia não ter fim – num abismo infernal que, apesar de conter toques evidentemente oníricos, não se tratava de um daqueles simples sonhos de queda livre. Sua própria alma estava gelada e, se pudesse em sua consciência apostar em algo, apostaria que aquilo tudo era

sexta-feira, 13 de março de 2015

Bateria

Acordou no meio da noite, a escuridão envolvendo o quarto quase que por completo à exceção da luzinha da bateria do notebook que piscava sua fraca claridade azul para avisar que estava em processo de recarga.
Estava meio zonzo. Sonho ruim. Olhou de lado, virou para o outro, pra cima e para baixo, sem conseguir decifrar seus próprios sentimentos imediatos.
Ora, por que havia acordado àquela hora e, mais, por que se levantou assim? Poderia muito bem ter permanecido ali, deitado e paciente, esperando o sono voltar a abraça-lo.
Tolo, pensou.
Resmungando, colocou as pernas na beirada da cama. “Que merda é essa?”
Sabia, com certeza, que não precisava ir ao banheiro e que sua garganta não estava seca, não necessitando naquele momento se levantar para ir à cozinha buscar água. Duas necessidades tidas como urgentes que descartara de pronto. Contudo, mesmo assim, sentia falta de algo. Mas independente disso, amaldiçoando aquele momento, não sabia o que procurar, ou onde, ou como.