Todos os dias, Júlio
se deparava com sujos desafios em sua rotina de trabalho.
Gostava de falar para
os amigos que era empregado no ramo da “purificação automobilística”; que “a
boa aparência dos carrões na rua são por minha causa”.
Júlio estava
desempregado até três semanas atrás. Tinha duzentas contas para pagar, e o
número de cobranças em outros campos também não deixava a desejar. Aluguel
quatro meses atrasado. O telefone já não tocava há quase um ano – Júlio deixara
com que fosse cortado. Buscava justificar dizendo que era melhor assim, porque
teria mais paz em casa.
A casa de Júlio tinha
um sofá-cama quebrado, uma televisão que, com o Bombril na antena, só pegava
três canais, um fogão quatro bocas (somente duas funcionavam) e uma geladeira.
Só.