quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Círculo

– Escuta aqui, seu puto – cuspiu enraivecido enquanto se levantava – perdeu amor a essa sua vidinha de merda?
Qualquer um poderia farejar uma briga feia a caminho. A galope, em urgente iminência, como a decolagem certa de um avião que se encaminha ligeiro ao longo da pista de lançamento.
Eu não fiz, exatamente, por mal. Na verdade tratou-se muito mais de um impulso impensado, irracional e completamente alheio a tudo que eu já vivenciara do que um movimento ponderado e calculado. Ele simplesmente estava lá, eu há uns cinco metros, e aquilo aconteceu.
O homem era mais alto do que eu. Uns dez centímetros, pelo menos, e aparentava robustez de músculos, lembrando muito um grande barril de carvalho.
Veio bufando e quase babando, com olhos de fúria e embriaguez, para cima de mim, de punhos cerrados e peito aberto, como um verdadeiro galo de briga. Não tive escolha.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Céu canino

– Ei, cara – ele me acordou, enquanto me cutucava com a pata. Parecia já estar tentando chamar minha atenção há um tempo. – Acorda aí, cara.
Abri os olhos lentamente. Inicialmente, não me dei conta de nada diferente. Mas, aos poucos, comecei a estranhar essa situação como um todo. Existia algo no mínimo peculiar acontecendo.
– Isso aí, mermão. Agora levanta, vamos lá, vamo batê perna – ele insistia, inquieto, visivelmente alegre por ter despertado minha atenção. Sorria, com a língua para fora, e dava pulinhos de animação. Abanava o rabinho.
Aí, me toquei.
Acreditei que ainda estava sonhando, pois pasmei enquanto constatava vagarosamente que eu estava ouvindo claramente meu cachorro falar comigo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O homem sem rosto

Na época, meu irmão tinha seis anos. Era mais uma criança feliz, saudável e esperta, que frequentava a escolinha e não tinha problemas de convivência com nenhum de seus colegas, professores ou familiares. Estava todo tempo a matraquear pelos cantos, correndo e brincando como se não houvesse amanhã. Seus olhos grandes e de um verde claro expressavam de sobremaneira todo seu alegre e constante estado de espírito.
Apesar de toda a intensidade física das correrias e brincadeiras de meu irmão mais novo, o bairro em que morávamos, no centro da capital paranaense, não permitia que a criança saísse às ruas de modo que nossa mãe ficasse sossegada, já que o local era, essencialmente, urbano e muito movimentado. Residíamos em um apartamento alto, bem no meio de uma grande avenida que contava com diversas lojas e estabelecimentos. A frequente e, por vezes, perigosa rotina urbana daquele local trancafiava a mim e ao meu irmão em casa sozinhos, todas as tardes, depois da escola.
Certa tarde de inverno, o apartamento todo fechado, meu irmão, em meio a uma partida de videogame, me confidenciou algo que, pela sua fala, soava como um forçoso momento em que se procura fazer o outro acreditar que aquilo que se está dizendo trata-se da coisa mais normal do mundo:

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Aquela experiência traumática que ele tentou evitar

Poço.
E ele sentia crescer dentro de si aquela apreensão imensa e esmagadora, que na verdade se tratava de um profundo e escuro
poço
consumindo-o, abrindo uma ferida que esperança ou misericórdia alguma poderiam suprimir, uma ferida tão grande que sua presença, afinal, não passava de uma verdadeira ausência de algo que outrora estivera ali e parecia-lhe ser algo de extrema importância, mas que agora...
Um espasmo nervoso.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Poema de um mundo inacabado

Oh, ai de mim, que imagino
Um mundo onde a vilania
Não é corriqueira
E a esperança de bondade
Não seja utopia;
Oh, ai de mim por ver,
Ver em mim
Traços daquilo que repreendo,
Momentos de frágil hipocrisia,
Onde sou nada menos
Do que aquilo que se é
O ser humano;
Oh, ai de mim,
Ai de mim por ver,
Por sentir, ai de mim
Por estar vivenciando,
Vivenciar, perceber,
Oh, ai de mim por fazer parte,
Parte de tudo que vejo,
Ai de mim, ser humano,
Que nada mais fiz do que
Continuar contribuindo
Para a preguiçosa e
Egoísta,
Corriqueira vilania.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O porco de argila

Eu tinha um porco de argila. Ainda tenho, na verdade. Devo tê-lo já há mais de cinco anos e venho o enchendo desde então.
Nele só entram moedas de 1 real. Essa é a condição primordial que eu estabeleci para o preenchimento do interior deste porquinho. Acredito que tal encargo seja o motivo principal pelo qual a pequena figura suína com um corte nas costas ainda exista. Afinal, não é algo lá muito comum eu chegar em casa com uma moeda de 1 real.

domingo, 31 de agosto de 2014

Sinal vermelho

Dirijo.
Trabalhava em um novo projeto de condomínio. Ainda estava no rascunho e não sabia dizer se ficaria bom. Minha precocidade na função conferia a cada ato meu uma grande pitada de incertezas. Mas esta gama de possibilidades me fascinava. Meus desenhos, que antes eram cheios de vida mas um tanto quanto imaginativos demais, passaram a ganhar traços verossímeis e realistas, coisa que facilitaria o processo de aceitação e posterior execução daquilo que foi projetado. Essa era a tendência. O lápis ainda deslizava sobre a folha com um certo vigor, mas possuía uma trajetória diferente que outrora tivera. Eu estava aprendendo. Isso já era algo a se celebrar.
Terminava um gramado qualquer quando o telefone tocou.
Acidente feio. Mortes. Eu sabia quem. Deveria me apressar. Perdi o chão. Larguei tudo. Corri. Era noite. Chovia. Entrei no carro. Dei a partida. Arranquei. Estava desorientado. Sinal. Vermelho. Furei. Não pensava. Alucinado. Caótico. Acelerava. Rápido. Para-brisa molhado. Faixa contínua. Mão dupla. Enxergava muito mal. Pensava em tudo. E em nada. Não diminuía. Ainda longe. Acelerei. Outro sinal. Vermelho.
Dirigia.
A luz à esquerda surgiu e repentinamente cresceu, envolvendo tudo ao meu redor, rápida.
Não ouvi estrondo algum.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Dois carniceiros no céu

Certa vez, no intervalo de uma aula para outra, sentados em um dos vários bancos do arborizado campus, eu e Jeremias conversávamos.
– Se você parar pra pensar – dizia ele –, hoje em dia as produções andam muito mais caprichadas...
– É... – minhas ponderações daquele momento não acrescentavam muita informação relevante ao raciocínio. Me limitava a concordar.
– Sabe o que eu digo. Não é que não existissem séries boas antes. Mas hoje parece que há um apelo muito forte ao formato. Muitos astros do cinema estão protagonizando ou participando de séries.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

vinte e cinco não é para qualquer um

parabéns aos pombinhos que dentre as dificuldades
completam 25 anos; nesse tempo geraram,
criaram, educaram e se alegraram
e, além de qualquer empecilho pelo caminho,
celebraram. 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Cheeseburguer duplo com preço de triplo

Às vezes é bem difícil entender e se fazer compreensível. Mas, na maioria das vezes, na verdade, não é culpa sua.
Por exemplo: certo dia, estava andando pelo centro um pouco apressado, cumprindo tarefas inerentes e essenciais ao meu trabalho. Normalmente fico sentado a maior parte do tempo, digitando alucinadamente nas teclas do meu notebook. Porém, em ocasiões como aquela, precisava bater um pouco de perna.
Era perto da hora do almoço e meu estômago roncava, exigente. Com razão, o pobre coitado, pois não havia mandado nada para lá desde as primeiras horas da manhã, que foi quando acordei já cansado – quanto a isso, não existiam exceções, infelizmente.

domingo, 17 de agosto de 2014

um ovo no hambúrguer

chegamos nós três,
sentamos, pedimos e
comemos.
a bebida veio gelada
e várias fotos foram
tiradas.
meu hambúrguer veio com
um ovo dentro
coisa boa, receita da
casa.
nos empanturramos, elas
sorridentes, minha namorada
e minha irmã.
pedi a
conta. saímos apreensivos,
queríamos fugir de mansinho
dele.
andamos apressados e
silenciosos
mas não teve
jeito:
o rapaz que guardava os carros
surgiu do
nada.

domingo, 10 de agosto de 2014

o saco de maçã

Enquanto andava para o escritório
um mendigo que sempre
ficava por ali
me pediu “um pão
e um café” e
agradeceu com um
“obrigado irmãozinho” quando lhe
entreguei minha maçã. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Notas de um cão na selva urbana

Me chamavam de Pinguinho. Mas isso era no começo. Eu era bem pequeno, muito menor do que hoje, não sabia nem levantar a perna na hora de me aliviar. Aí, quando eu cresci, alguns passaram a me chamar de Pingo mesmo, até o dia em que um humano pequeno e folgado me tirou da gaiolinha em que me deixavam e começou a me apertar. Aí eu mordi ele com meus dentinhos que começavam a não doer mais. Passaram a olhar para mim e me chamar de Feroz, Esquentado ou Fera. Eu gostava mais de Pingo mesmo, mas ninguém me apertou de novo daquele jeito e me davam comida sempre, então tudo bem.
Dessa época que passou há muito tempo eu me lembro só disso.
Sei que teve um grupo de humanos que cuidava de mim depois daquela gaiola. Eles eram bons, mas nunca mais vi nenhum deles.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Território de um tirano felino

Ai de quem se aproximasse demais daquele banco branco dele quando ele estivesse lá deitado. Aqueles grandes olhos azuis brilhariam de ameaça e disparariam contra o invasor ondas quentes de advertência: nem mais um passo, humano tolo.
Quando cheguei perto dele naquela noite em que na poltrona branca ele deitava adormecido, pude notar sua atenção despertada pela minha presença.
A orelha direita se ergueu num movimento do mais puro reflexo e alerta, e tenho certeza que ele soube que não estava sozinho e que seu trono de couro furado e arranhado estava sendo objeto de cobiça.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Um chamado do caçador

Sentia o frio congelante da noite fazendo seu corpo tremer. Absorvia mais do que nunca aquela atmosfera gélida de desolada escuridão fria e arrebatadora que envolvia seu ser.
Caminhando por um bosque escuro e enevoado, cheio de árvores de copas altas e troncos largos, ele não enxergava nada além de solidão. A grama sob seus pés era fria, úmida e escorregadia. Seu coração batia frenético no peito, enquanto a mente, num turbilhão de pensamentos diversos, buscava um significado para aquele momento.
Foi quando ouviu um chiado baixo.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Relato de um acadêmico

“17 de outubro de 1987.

Caros amigos, colegas de classe e familiares,

O motivo que originou esta carta é que finalmente me deparei com um momento crucial no meu curso de graduação, momento este que eu sinceramente gostaria de adiar o máximo possível ou até mesmo nunca vivenciar.
Sou praticamente obrigado, por força de uma necessidade de uma matéria importantíssima, a me encaminhar às entranhas da grande biblioteca do campus. E este é o meu grande problema. Explico.

domingo, 20 de julho de 2014

A madrugada silenciosa

Eu não conseguia dormir naquela noite chuvosa. A cabeça deitada no travesseiro não fazia efeito algum. Os olhos, que se fechavam num movimento automático, também não eram capazes de me arrastar aos reinos do sonhar. Meu corpo, em desesperadas tentativas de encontrar uma posição mais confortável, acabava por inutilmente se debater indefinidamente e rolar pela cama de forma infrutífera.
Considerava essa uma das piores sensações que já experimentei até aquele momento. A de rolar na cama sabendo que precisa e quer dormir, mas ver todos os esforços de cortejar uma bela noite de descanso não trazerem nada mais do que maiores frustrações.
Após um longo tempo que me pareceu uma eternidade deitado procurando pegar no sono, escutei ruídos de objetos sendo arrastados no andar de baixo da casa. Duas vozes que começaram a se inflamar me prendiam ainda mais no plano da consciência e acabavam por me despertando também uma certa curiosidade. Eu sabia que se tratavam das vozes do meu pai e do sócio dele. Discutiam negócios, a princípio. Pelo menos, era o que eu imaginava, pois os ânimos aparentavam residir em outro nível neste momento.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

um pulo até ali

um pouco mais de café e
poderei pensar em alguma
maneira de fazer aquilo que
é preciso;
levantar com calma e
cuidado,
tirar a roupa devagar
entrar em baixo do
chuveiro e
lavar as
feridas.
elas reclamam, gritam, doem,
mas as danadas precisam
disso.
então, um pouco mais de
café.
o sabonete não vai se passar
sozinho.

domingo, 13 de julho de 2014

O hospital ao cair da noite

Despertou cedo e logo se encaminhou ao seu compromisso urgente. Aquilo não poderia esperar mais. Era uma situação dantes adiada, mas agora precisava resolvê-la de uma vez por todas.
Atendeu às exigências burocráticas requisitadas pelo hospital e foi encaminhado ao seu local específico à espera da operação que se sucederia. Não sentia nervosismo. Queria, porém, passar pelo procedimento adormecido, sem precisar vivenciar a apreensão de acompanhar desperto a cirurgia que, apesar de simples, passaria aos seus olhos e percepção tão veloz quanto os passos de uma tartaruga.
Seu íntimo desejo foi realizado. Foi induzido ao cochilo e mal viu o tempo passar.

sábado, 5 de julho de 2014

O sequestro bizarro

Ainda meio zonzo, ele acordou em um ambiente completamente desconhecido. Sentiu a cabeça inchada, com algo meio grudado – o que julgou ser o próprio sangue seco. Supunha que tenha tomado uma forte pancada, pois restara evidente que estava desacordado há pelo menos duas horas.
Estéban não compreendia o porquê disso tudo. Só se lembrava de ter ido assistir ao jogo da Copa do Mundo num bar perto do estádio em Fortaleza. O jogo era Brasil contra Colômbia. Se lembrava de ter ido vestido à caráter, com o uniforme de seu time – Colômbia. Viu sua seleção perder por 2 a 1. Não recordava de mais nada.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Aquele tempo que foi e que vai

E disse aquele poeta amargurado
Que de tanto já desiludido
Bradava com o peito inchado
O acaso por ele sabido

Dizia que o tempo há de chegar
Em que o homem não mais poderá
Tentar a todo momento controlar
O próprio tempo e assim perceberá
Que este mesmo tempo um dia acabará  

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Bosta de passarinho

Todos os dias, Júlio se deparava com sujos desafios em sua rotina de trabalho.
Gostava de falar para os amigos que era empregado no ramo da “purificação automobilística”; que “a boa aparência dos carrões na rua são por minha causa”.
Júlio estava desempregado até três semanas atrás. Tinha duzentas contas para pagar, e o número de cobranças em outros campos também não deixava a desejar. Aluguel quatro meses atrasado. O telefone já não tocava há quase um ano – Júlio deixara com que fosse cortado. Buscava justificar dizendo que era melhor assim, porque teria mais paz em casa.
A casa de Júlio tinha um sofá-cama quebrado, uma televisão que, com o Bombril na antena, só pegava três canais, um fogão quatro bocas (somente duas funcionavam) e uma geladeira. Só.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

A barata

Noite escura e gélida de outono, onde o vento castiga de maneira implacável os incautos que se aventuram, por algum motivo, a andar pelas ruas. Noite daquelas onde o mais simples atendimento a uma necessidade emergente do corpo é extremamente complicado ante à possibilidade de se manter aquecido debaixo das cobertas. Noite onde os sádicos espíritos da tristeza fria e inalterável de um clima que castiga até mesmo os que se encontram mergulhados em sono profundo se encontram todos reunidos em uma verdadeira roda de chacota aos sentimentos e percepções humanas.
Noite fria.

domingo, 22 de junho de 2014

Apêndice 1

Caía a chuva nos destroços. Francisco tentava entender de forma mais clara os acontecimentos recentes que se sucederam. O temor ainda pulsava em seu peito. A dor era excruciante e, apesar de ter consciência de que chovia, não conseguia enxergar absolutamente nada.
Não esperava por uma ligação. Era a parte da manhã ainda, período onde a pressa era inimiga de qualquer atividade rotineira de Chico. Nunca esperaria por uma ligação àquela hora do dia.

sábado, 21 de junho de 2014

Sexta-feira

Mais um dia se passa na velocidade da luz, mais uma noite ele se encontra em sua cozinha, com a geladeira aberta, em uma minuciosa, atenta e esperançosa averiguação no conteúdo do aparelho.
Seu gato, esfomeado, miava escandalosamente, olhando-o com os olhos azuis severos, como se a sua tigela se encontrar cheia fosse somente uma questão de tempo.
Para falar bem a verdade, aquele folgado daquele gato não estava esfomeado coisa nenhuma. Era mais um dos Sete Pecados Capitais, que tomava conta do bicho dia e noite: a gula. Aliás, o bichano comia melhor do que o próprio dono.

Duelo ao meio-dia

O vento batia violentamente em sua capa, como em um daqueles dias onde a noite rapidamente chegaria em meio à tempestade do crepúsculo que se aproxima ao sudoeste.
O sol, à pino, demonstrava que o dia ainda seria longo.
Para um deles, não. O dia acabaria ali, naquele momento. Em questão de minutos. Para um deles, o sol não brilharia mais, a vida não existiria mais.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

O menino e o mar

Um pequeno garoto, que vivia numa cidade praiana, ia à beira do mar todos os dias para observar as ondas quebrando adiante.
Não entendia muito bem como funcionava a física envolvida no processo, mas sempre se encontrava obediente e fascinado em suas rotineiras admirações ao extenso e infindável oceano.
O menino, muito magro e miúdo, era um sonhador que, com seus 1 metro e 30 de altura, não deixava suas fantasias mais distantes serem abaladas pelas dores que, tão pequeno, já sofrera. Perdera o pai cedo e a mãe, se desdobrando em mais de um trabalho para manter a dignidade do lar, não conseguia dar a atenção necessária para um imaginativo garoto de 8 anos de idade.